Desde outubro do ano passado esse assunto começou a despertar meu interesse.
A não ser em calls individuais, nunca falei sobre isso antes em nenhum outro lugar.
É por isso que essa edição vai tratar de um tema diferente do que costumo trazer.
Hoje não vou falar sobre criatividade, marketing, processo comercial ou técnicas de copy.
Minha proposta é bater um papo sobre a vantagem competitiva (muito mal explorada) da energia feminina no ambiente de trabalho.
Então pegue seu chá (se você estiver lendo isso à noite) ou seu café (se estiver lendo até às 14h) e vem mergulhar comigo nessa reflexão.
Como sempre, mal começamos e já me sinto na obrigação de fazer uma pausa para alinharmos algumas expectativas.
Eu sei, caro leitor(a), que existem muitas coachs de feminilidade espalhadas no Instagram.
Por favor, não me confunda com elas.
Esse texto não é sobre incentivar mulheres a usar cabelos soltos, vestidos, pintar as unhas ou “deixar que eles te conquistem”. Aqui nós vamos mais fundo.
Eu também sei que existem muitos textos desse teor que, no fundo, tratam sobre a ideologia do feminismo e acabam colocando mulheres e homens numa posição de nós contra eles.
Acho que não preciso nem dizer que meu objetivo aqui passa longe disso.
O quê?! Eu preciso dizer?
Ok.
Meu objetivo aqui passa longe disso.
Como atendo muitas mulheres empreendedoras nas minhas consultorias, vi a oportunidade de falar desse assunto com elas em algumas das calls.
Percebi que esse era um tópico praticamente “novo” para muitas - pelo menos na perspectiva que eu estava trazendo.
Eis que, como me encontro atualmente nesse lugar de curiosidade sobre o tema (inclusive estou lendo um livro que aprofunda a diferença homem x mulher no contexto de negócios), resolvi abrir parte do meu raciocínio aqui, para você.
Não é raro mulheres se sentirem ou se verem inferiorizadas quando estão em um ambiente de trabalho predominantemente masculino.
I know. I’ve been there.
Seja no mundo do copywriting, das vendas, do empreendedorismo ou dos negócios em geral, nós temos mais homens presentes do que mulheres.
E isso pode intimidar, no começo.
Intimida até o ponto de você saber o que fazer com esse fato.
Pra não correr o risco de serem vistas de alguma forma como uma ‘fraqueza’ na equipe, muitas mulheres acabam se influenciando pelos outros homens e tentam se equiparar com a energia deles.
Resultado: Vemos mulheres com comportamentos mais masculinos.
Isso tanto de formas bastante nítidas (como engrossar a voz, ser mais agressiva, ser excessivamente assertiva…) quanto também de formas mais sutis (como uma liderança mais voltada para resultados do que para pessoas).
Já falei e repito - pois esse ponto é importante: eu não estou falando sobre o aspecto superficial da feminilidade.
Veja…
A mulher pode estar exalando um perfume floral, usando lindos e redondos brincos de pérola, ter seus cabelos soltos, sedosos e bem cuidados, vestir um salto alto junto com um longo vestido vermelho.
Se ela prioriza demonstrar sua autoridade, tomar decisões rápidas, pender para a lógica e a objetividade, manter uma postura firme e dominante…
… Enquanto ao mesmo tempo está ignorando as evidências de que sua equipe está tão saturada de afazeres, com a maioria inclusive demonstrando insatisfação…
… Ela estará, então, negligenciando a oportunidade de ser única (ainda mais caso seja uma das poucas mulheres na gestão) e de se diferenciar entregando um resultado muito mais sustentável a longo prazo para a empresa a partir de seus dons naturais.
Continue comigo. Vamos cavar um pouco mais fundo.
Voltando consideravelmente na linha do tempo: Se antes o homem saía à caça, a mulher ficava cuidando das crias.
Certo?
Toda atenção ao detalhe não era apenas bem-vinda, como era crucial à sobrevivência.
Por características históricas, a mulher sempre foi naturalmente mais treinada e condicionada a ser uma melhor leitora de ambientes, de pessoas e de comportamentos.
É natural da energia feminina o tom mais acolhedor, mais calmo, mais empático, mais leve.
Mulheres dificilmente vão precisar se esforçar pra trazer maior sensibilidade à fala, à entrega, à equipe, ao projeto.
Se precisam, é em muito menor medida do que o homem.
Além disso, conseguir administrar mais de uma coisa ao mesmo tempo é uma habilidade quase inata às mulheres - coisa que para eles, em geral, é mais difícil.
Considerando tudo isso, podemos chegar à conclusão de que mulheres são vistas como líderes mais eficazes do que os homens.
E são mesmo.
Isso não é uma opinião pessoal.
Essa é uma percepção amplamente difundida e divulgada pelo autor Marshall Goldsmith (uma das maiores autoridades mundiais em coach de carreira, premiado pela Harvard, autor best-seller e um dos poucos executivos que já assessorou mais de 150 gigantes CEOs).
É dele a afirmação de que, em média, a mulher é estatisticamente vista como uma líder melhor do que o homem.
É também dele a afirmação de que, em média, a mulher é muito mais dura consigo mesma do que os homens são.
Elas tendem a se preocupar mais com falhas e a colocar maior pressão para fazer melhorias, enquanto homens, em geral, são mais “sou assim mesmo, doa a quem doer, dificilmente o problema sou eu.”
De novo. Isso não é opinião pessoal.
Talvez por isso elas (ou melhor dizendo: nós) temos um baita diamante nas mãos…
… Mas como olhamos para o lado e vemos que o que os outros têm é ouro, acabamos comparando, não entendendo, não sabendo como usar e terminamos desvalorizando o próprio potencial.
O problema em tentar ser uma “máquina”
São poucas, muito poucas, as referências que tenho de mulheres bem sucedidas que eu realmente admiro.
Tem uma empresária que acompanho, por exemplo, que é extremamente bem sucedida no trabalho.
Tem dinheiro até dizer chega. Tem uma fila de pessoas dispostas a pagar o quanto for pra se tornarem seus clientes.
Mas… Ela não tem liberdade alguma.
Vive para o trabalho. É engolida pela agenda.
Não é capaz de ir no salão cortar o cabelo sem levar o computador.
Acaba se envolvendo em tanta coisa, que não consegue dar muita profundidade em basicamente nada.
Vive desmarcando compromissos. Vive na loucura.
Não raro vemos mulheres sendo assim que acabam, eventualmente, pifando.
Novamente: I’ve been there.
Muito pela “culpa” de, por muito tempo, eu ter basicamente só referências masculinas - e todos eles se gabarem constantemente de ser uma máquina - já fui parar 4x no hospital com crises fortes de ansiedade e burnout.
A culpa é minha, é claro. Não estou culpando os caras.
Mas o ponto é: A culpa é sua também, caso você faça o mesmo.
“Gastamos tempo demais ensinando aos líderes o que fazer.
E não gastamos tempo suficiente ensinando aos líderes o que parar de fazer”
- Peter Drucker
Eu podia já ter te avisado isso logo no início, mas sou esperta e só vou falar agora:
Meu objetivo aqui com esse texto não é necessariamente chegar a nenhuma conclusão.
Não vou entregar um to-do list.
Não vou te passar alguns acionáveis ou entregar “5 orientações pra você colocar em prática”, como geralmente faço.
Nesse texto, quero mais levantar a bola.
Provavelmente eu trouxe alguns pontos que você nunca tinha parado pra pensar. Bom… Assim espero, pelo menos.
Em questão de 6 meses atrás, eu também não tinha parado pra ponderar nada disso.
Mas recentemente, passei a fazê-lo.
Passei a enxergar essas habilidades nativamente femininas como um grande diferencial - principalmente considerando que a maior parte das equipes em que trabalho são de fato mais masculinas.
Aliando isso à minha alta capacidade de execução, posso afirmar que me tornei uma pessoa muito mais produtiva.
O resultado foi nítido.
Se antes eu sabia que sempre fui muito mais da qualidade do que da quantidade, hoje eu entendo melhor o porquê disso.
Entendo também como usar esse ponto ainda mais a meu favor e - talvez o principal, eu diria - entendo como vender isso como uma habilidade…
… Enquanto pouquíssimas pessoas estão enxergando ou agindo dessa forma.
Por fim, queria trazer um argumento que (eu espero que não esteja, mais vai que) possa estar na sua cabeça agora.
“Carol, o lance é que se eu focar mais na tal ‘energia feminina’ no meu trabalho eu tenho certeza que vai, sim, ser visto como uma fraqueza. Provavelmente vou até perder respeito.”
Ok. Ponto fácil de responder.
Nesse caso, o problema não está com sua sensibilidade, necessidade de profundidade ou com sua “energia feminina”.
O problema está com eles.
Ou, pelo menos, com a falta de match entre expectativas.
Olha…
Não adianta repostar nos stories aquelas frases bem motivacionais do tipo “Não se diminua para caber no espaço dos outros” se na vida real (que é o que importa) você aceitar algo que na verdade não quer.
Se seu feeling diz que tem algo estranho ou errado ali, acredite que tem.
Isso não significa que você nunca vai errar sua leitura.
Mas essa é uma habilidade feminina sua que pode ser lapidada com o tempo e com a prática, a partir do momento que você escolhe abraçar e acolhá-la - ao invés de negar ou negligenciá-la.
Eu te garanto que, na mesma pedida que algumas pessoas podem ver isso como um ponto negativo, outras vêem como algo bom.
E não só ‘bom’, como necessário.
Existem equipes que de fato buscam essas características pra integrar na equipe.
Ainda tenho muito o que falar sobre esse tema mas, por hoje, é isso.
Quem sabe não rola uma parte 2 mais pra frente.
Se você gostou do assunto e também quer compartilhar sua reflexão, deixe seu comentário aqui abaixo (ou me manda um direct no Instagram).
Bora bater um papo.
Beijos e nos vemos na próxima semana,
Carol.